História da Igreja Nossa Senhora da Purificação
Um marco da fé, da imigração italiana e do desenvolvimento de Putinga.
A história da Igreja Nossa Senhora da Purificação remonta aos primeiros anos da colonização italiana em Putinga. Assim que se estabeleceram na região, os imigrantes construíram uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Purificação e Nossa Senhora dos Navegantes. As missas eram celebradas periodicamente pelo padre Hermínio Catelli, vindo da vizinha Anta Gorda.
Liderados por Giovani Franchesco Giacomini, os pioneiros iniciaram contatos com o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom João Becker, solicitando a criação da Paróquia de Putinga. O pedido foi atendido e, no mesmo local onde hoje está a atual igreja, ergueu-se uma capela de madeira, com 25 metros de comprimento por 10 de largura. Ao lado, foi construída também a casa paroquial.
Em agosto de 1922, o arcebispo nomeou o primeiro padre residente de Putinga: Domênico Carlino, da Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos). Com energia e dedicação, Padre Carlino logo conquistou a comunidade, organizou a vida paroquial, introduziu novos objetos sacros, criou três altares e fundou diversas associações religiosas.
Um dos momentos mais marcantes dessa fase foi a festa cívico-religiosa de 27 de dezembro de 1925, que celebrou os 50 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul. A festividade reuniu uma multidão e contou com missa solene, churrasco comunitário, discursos e a apresentação da banda musical de Várzea Grande.
A construção do templo atual
Desde o início, Padre Carlino sonhava com um templo mais digno para a comunidade. Iniciou campanhas para arrecadar recursos e, em 16 de agosto de 1932, foi lançada a pedra fundamental da nova igreja, durante a festa em honra ao segundo padroeiro, São Roque.
Um ano depois, em 16 de agosto de 1933, foi abençoada a estátua de Cristo Rei, posicionada no alto do campanário, com os braços abertos sobre Putinga. A inscrição na base da cúpula faz referência ao centenário da Redenção de Cristo.
O projeto da igreja foi idealizado pelo engenheiro Ticiano Betanin, que demonstrou ali o talento artístico que o consagraria em obras sacras no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Apesar de seu empenho, Padre Carlino não pôde concluir a obra. Em julho de 1934, foi nomeado superior provincial dos Carlistas e transferido para a Paróquia de Guaporé.
A conclusão da obra
Seu sucessor, Padre Fellippe Flésia, atuou em Putinga até maio de 1940. Sob sua liderança, a igreja recebeu reboco externo, luz elétrica, quatro vitrais da Casa Gruta no presbitério e uma imponente escadaria em sua entrada.
Coube ao próximo vigário, Padre Victorio De Lorenzi, finalizar a estrutura. Ele concluiu os rebocos internos e das abóbadas, instalou ladrilhos artísticos no piso, construiu uma contoria em alvenaria — também projetada por Betanin — e inaugurou um batistério com grande valor simbólico e artístico.
Os altares, o púlpito e as quatro grandes telas a óleo do presbitério foram concebidos pelo arquiteto e artista Ângelo Fontanive, diplomado pela Escola de Belas Artes de Veneza, dando à igreja o acabamento estético que permanece como referência até hoje.
Legado
A história da Igreja Nossa Senhora da Purificação é mais do que um relato religioso — é parte da identidade cultural e histórica de Putinga. Um testemunho da fé, da união comunitária e do legado deixado pelos imigrantes italianos, que, tijolo por tijolo, construíram não apenas um templo, mas um símbolo da nossa história.