A origem do nome “Putinga” deve-se à existência de uma planta, espécie de taquara (bambu), muito abundante na região àquela época. A baixada onde se localiza a cidade era só um "putingal” (a planta putingal é baixa e fina, de haste compacta, não oca), a altura ordinária é de metro, metro e pouco, sendo as folhas muito apreciadas pelo gado, daí derivando a denominação de Putinga dada ao lugar
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Seus primeiros habitantes foram: Henrique Cé, Pedro Gonzatti, Augusto Evangelista, Antônio Pretto, César Augusto Roveda, Sebastiano Zonta, Antônio Nhoatos, seguidos pelas famílias Camilotti, Dalberto, Dequi Giovani, Marchese, Cerutti, Bernardon, Batezzini e outros.

Em 1916, a sede não contava com mais de dez casas de moradia.

Em 1919, o povoado recebe pela primeira vez a visita do Arcebispo de Porto Alegre, Dom João Becker. Nessa visita foram crismadas 717 pessoas e na mesma ocasião foi benta a capela dedicada a Nossa Senhora da Purificação (anteriormente já existia uma pequena capela construída pelos primeiros moradores). As raras e humildes habitações distribuídas entre a vegetação transmitiam a imagem de quase abandono. Ainda em 1919, era instalado na sede da vila um centro telefônico com dez linhas e cinco assinantes. Eram eles: Antônio Pretto, César Roveda, Desidério Fornari, Henrique Cé e José Secchi.
Em 1920, o local foi elevado à categoria de Distrito do Município de Encantado/RS, pelo Ato n°. 5, do então intendente municipal (prefeito) Virgílio Antônio da Silva, vindo a constituir o 4° Distrito de Encantado/RS.

Em 1923, já éramos (depois de 13 anos de criação oficial do núcleo) o maior criador de suínos do Município de Encantado e detínhamos o título Capital do Ouro Branco, pela banha suína.

Por decreto de 13 de setembro de 1924, o arcebispo resolveu elevar a capela Nossa Senhora da Purificação à paróquia, sendo vigário o Padre Domênico Carlino. Neste mesmo ano, pela segunda vez Putinga recebe a visita do arcebispo, o qual constatou o crescimento da sede distrital.

Em 1924, contava o lugar com duas aulas subvencionadas pelo estado, com matrícula de 88 alunos, enquanto a rede escolar municipal possuía 10 escolas, com matrícula de 271 alunos e frequência média de 211. A população de Putinga ascendia, então, a 800 famílias.

Em 1925, é instalado o primeiro gerador de energia elétrica de Putinga com o nome de Usina de Força e Luz de João Baptista Cadore (turbina hidráulica ainda instalada no mesmo lugar e ainda em funcionamento, porém somente como força motriz).

Em 1929, um putinguense adquire o primeiro automóvel do local, era ele Antônio Pretto, residente da linha Taquara, que comprara um Ford Phaeton, 1929.

Em 1931, também chega o primeiro caminhão de propriedade de Antônio Pretto para o transporte da cerveja Regência (fábrica de cerveja de propriedade da família Pretto).

Também em 1931, em levantamento demográfico levado a feito, o Distrito de Putinga despontava com 96 prédios no povoado para uma população de 528 pessoas. Paredão (que fazia parte do território) contava com 60 prédios para 330 habitantes, enquanto Xarqueada somava 28 prédios para 155 pessoas. O número de prédios em todo o Distrito era de 746, correspondendo á população de 5.618 habitantes. A receita municipal no distrito foi de RS. 104:513$600 e a despesa de RS. 72:345$650.

Neste mesmo ano, pelo Decreto nº. 7, de 03 de fevereiro, é criado o Grupo Escolar Municipal no povoado, subvencionado pelo estado. O professor Jandir José Peretti foi transferido da aula de Santos Filhos para o aludido Grupo Escolar, com funções de diretor e professor. O número de estabelecimentos de ensino era 17, dos quais 03 vagos.

Em 1933, é projetada por Ticiano Betanin (também projetou o Caravaggio de Farroupilha) a terceira e atual Igreja Matriz. A obra é realizada pelo mestre em construção Gelindo Boscarin.

Em 1935, a 19 de outubro, com a criação do Distrito de Santo Antônio de Gramado (atual Relvado) pelo Decreto Municipal nº. 21, perdeu o Distrito de Putinga parte do seu território para composição daquele.

Em 1937, no dia 16 de agosto, ás 16 horas e trinta minutos, numa clara tarde de inverno, realizava-se a festa em honra ao padroeiro São Roque (Roque tem como significado pedra que vem do alto), no então Distrito de Putinga, município de Encantado. Depois da missa tendo a fala religiosa comentada muito sobre o apocalipse, eis que de repente ouve-se um forte estrondo, parecendo um trovão prolongado e ensurdecedor, acompanhado por intensa fumaça pardacenta, que encobria o Distrito de Putinga e arredores, amedrontando toda a população e, criando certo terror. Os moradores interrogavam-se sobre o que estava acontecendo. Neste momento, Putinga e o Rio Grande do Sul, testemunhavam um excepcional e maravilhoso acontecimento, "a queda de um meteorito". O fenômeno pôde ser visualizado a mais de 150 km de distância. O estrondo provocado pela queda do meteorito foi ouvido por moradores dos municípios de Cruz Alta, Soledade, Arroio do Meio, Lajeado, Estrela e Bom Retiro do Sul. Na trajetória da queda, uma cauda de fumaça, de aproximadamente 15 km permaneceu visível por dias, tamanha densidade. Os primeiros a acalmar a população sobre o acontecido foi o vigário e o Dr. Vicenzo Guaragna. Dos fragmentos do meteorito caído do céu e colhidos pela população logo foram encaminhados a vários centros de pesquisas, museus e bibliotecas de doze países ao redor do mundo (responsável pela entrega dos fragmentos foi Dr. Giorgio Brunet), dentre eles, alguns fragmentos estão no Observatório Astronômico do Vaticano em Castel Gandolfo – Itália, no Instituto de Mineralogia de Modena Itália, em Bardonecchia – Itália (vários fragmentos de posse da família Brunet), no museu British Museum (Natural History) de Londres, no Museu Nacional em Washington DC e no Museu Americano de História Natural de Nova York, no Instituto de Meteoritos de Albuquerque EUA, no centro de Estudos de Tempe EUA, em Passadena Califórina, Hamburgo e Deutsches Museum de Munique na Alemanha entre outros.

No Brasil se encontram fragmentos no Museu Professor Luiz Englert da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Colégio Anchieta em Porto Alegre, no Museu Nacional do Rio de Janeiro, no Observatório Nacional do Rio de Janeiro, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Instituto de Astronomia e Geociências de São Paulo.

Por Decreto Estadual de 31 de março de 1938, sob n°. 7.199, foi a sede distrital elevada à categoria de Vila, dentro da nova organização administrativa e judiciária do estado.

A Vila de Putinga, em 1939, somava 42 prédios (teria decaído a Vila, desde 1931), um matadouro frigorífico modelo para suínos, igreja e dois hotéis. O Grupo Escolar tinha quatro professoras lotadas. A sede era suprida de luz elétrica da usina de João Baptista Cadore, estando ainda, ligada a sede municipal por linha telefônica. O povoado de Paredão dispunha de capela, escola municipal, duas casas de comércio, fabrica de queijos, carpintaria, ferraria, hotel e mais quinze casas. O povoado de Xarqueada somava, além de 12 casas, capela, casa de comércio, fábrica de queijos e cantina de vinho. O povoado de Várzea Grande possuía capela, escola municipal, casa de comércio e umas dez casas particulares.

Neste mesmo ano, conforme o jornal de maior circulação no estado “foi construído no Distrito de Putinga, Município de Encantado/RS o mais moderno frigorífico do sul do país, com abatedouro suíno, salgados, embutidos, e refinaria de banha, sendo a produção toda enviada para a Europa”.

Em 1940, a Vila de Putinga contava com 10 aparelhos de rádio.

Em 1944, no dia 22 de outubro, cria-se a Sociedade Recreativa e Cultural Rui Barbosa.

Em 1946, iniciam-se estudos para a construção de uma Usina Hidroelétrica em Putinga, para fornecimento de energia elétrica para os municípios de Arvorezinha, Ilópolis, Anta Gorda, Borguetto, Itapuca, Putinga, Relvado, Dr. Ricardo, e Encantado. Neste mesmo ano iniciam os trabalhos burocráticos para consolidação de tal projeto, e também se dá início à construção, todo acompanhado pelo mentor que se tornaria o maior acionista da usina: Sr. Guido Bassano Cé, putinguense radicado e estabelecido em Encantado, com o ramo de automóveis sendo proprietário da nacionalmente conhecida em tempos de segunda guerra mundial Cia de Automóveis Guido Cé – Guiceco – Revendedor Ford. Toda obra foi minunciosamente fiscalizada pelos engenheiros suecos e sua execução realizada por Jacinto Grando e Cremonese, ambos construtores licenciados, mas tendo Jacinto Grando e irmãos os maiores responsáveis pelo levantamento do paredão de contenção da barragem e Cremonese, o maior desbravador dos paredões de basalto para assentamento dos dutos entre barragem e gerador.

Em 1948, chega a Putinga para obras de acabamento interno da igreja o italiano Ângelo João Baptista Fontanive, formado pela Universidade de Belas Artes de Veneza, sendo arquiteto, engenheiro, mestre em gesso, doutor em desenho e  pintura, professor de matemática, física e geometria, chamado por todos de “maestro”, deixa sua marca na igreja com a construção dos três altares, a cantoria, o púlpito e as pinturas dos quatro quadros laterais e o painel da abóboda central com mais de 320 personagens onde eterniza seus filhos na obra pintados como anjos. Depois de concluídas a obra da matriz projeta e constrói o belíssimo Jazigo da família Pretto na linha Taquara (demolido em 1985), e pinta os medalhões na nova igreja dedicada a Nossa Senhora da Glória em Xarqueada. Também são obras de Fontanive as igrejas de Ilópolis, Arvorezinha, Caçador, a catedral de Passo Fundo, o edifício Fasolo e o hospital Dr. Bartholomeu Tachini de Bento Gonçalves, os Silos do Moinho Guindani, a Pontifícia Universidade Católica – PUC em Porto Alegre/RS, obras na Suíça e outras.

Neste mesmo ano, as irmãs do hospital também deixam a casa de saúde e são substituídas pelas Irmãs da Divina Providência.

Nesta época existe forte movimento para criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

Em 1969, Putinga contava com 158 veículos automotores.

Em 1970, Putinga contava com uma população de 6.841 pessoas; 612 na zona urbana e 6.229 na zona rural.

Em 1980, Putinga contava com uma população de 6.144 pessoas; 766 na zona urbana 5.378 na zona rural.

Ainda em 1980, Putinga contava com 487 veículos automotores.

Em 1982, encerram as atividades do Frigorifico Roveda, que desde 1955 detinha esta denominação. De forma que a era dos grandes abates suínos e da banha não mais escreveriam sua história na capital do Ouro Branco, deixava de existir para num futuro próximo entrar na era do suíno magro e que hoje segue a pleno vapor.

Em 1987, é lançado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e o Carimbo comemorativo ao Cinquentenário da Queda do Meteorito Putinga.

Pesquisa Histórica:
Acervo de documentos, jornais, diários, livros, acervo fotográfico de Navarro Heitor Zonta.

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